A rádio do meu mano

Pretérito Mais-Que-Perfeito é o nome do programa que o meu mano "caçula" faz na Rádio Cova da Beira - por sinal, ma emissora que ele próprio criou há 20 anos e que hoje está no topo do "ranking" das rádios locais (estúdios modernos num palecete enorme, com jardim e tudo, grande grupo de profissionais, orçamentos invejáveis...).
O Pretérito Mais-Que-Perfeito faz a História da Música, da grande música - diariamente e tendo como alvo o grande público.
Agora tem um blog, dentro e fora do site da própria estação. E é interessante - e útil - passar por lá, com direito a ouvir música incluído.
Tirei de lá um excerto (Für Elise) :
FÜR ELISE

Ludwig van Beethoven
23.Mar.2007 .

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Voltamos a falar de Beethoven. E hoje, para falarmos de bagatelas.
Bagatela (do italiano «bagatella», que significa coisa de pouco valor, insignificância, ninharia), é uma composição musical breve, de carácter ligeiro e despretensioso, não sujeita a um plano formal concreto, normalmente para ser tocada para piano. É uma criação do Romantismo.
Ludwig van Beethoven compôs muitas bagatelas. Reuniu algumas delas em compilações como "Sete Bagatelas para Piano", "Onze Bagatelas para Piano", ou "Seis Bagatelas para Piano".
Mas a mais famosa é aquela a que Beethoven chamou «Bagatela para piano ‘Für Elise’» em lá menor – conhecida também por 'Para Elisa'

Sabe-se (pelo rascunho encontrado) que Beethoven teria composto esta pequena obra, pelos anos 1808 ou 1810, em honra de uma senhora a quem propôs casamento, chamada Therese Malfatti, sobrinha do Dr. Giovanni Malfatti, um médico italiano que se instalou em Viena e que foi um dos médicos do compositor, tratando-o inclusive durante a sua doença final.

hetero-abertura

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O tempo. Porquê o tempo, que Dali "retratou" num óleo imortal?
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Porque o tempo parece ser, para já, a palavra-chave da abertura deste diário.
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Porque é o tempo vivido por cada pessoa individual e singular aquilo que fica duma existência humana, como testemunho e como legado.
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Porque é o tempo que dá experiência, maturidade, senso - e, porque não, sabedoria? - para se questionar, pensar e concluir tudo aquilo que, embora talvez visto por outros, cada par de olhos, identificado e personalizado, tem para dar a ver aos outros - aos outros no espaço, que são o outrem, e aos outros no tempo, que são o vindouro. O que se viu e não deve deixar de dar-se a ver.
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Porque é o tempo que constitui aquele tesouro diferenciador dos indivíduos de cada espécie - o tempo que uns gastam e outros aproveitam, o tempo que a uns desgasta e a outros enriquece, o tempo que para uns é ócio e para outros dádiva.
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Porque é o tempo aquilo por que se luta muitas vezes - pelo tempo que os outros perderam, pelo que contam, pelo que não podem voltar a perder, pelo que têm de aprender a não perder de novo, pelo que esperam ou receiam, pelo que no tempo deles preocupa o nosso tempo, quantas vezes em tempo inteiro.
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Porque é o tempo, afinal, o que mais merecemos usufruir valorizando, valorizar usufruindo.
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E é isto: esta abertura, por ser uma simples hetero-abertura, é um convite e um pedido - o de nos dispensares as sobras do teu tempo, dando-nos a essência do tempo que foi e é o teu.
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Boas prosas!