Apagar tudo e começar de novo

Apagar tudo e começar de novo, parece fácil, mas para mim tem sido uma tortura. Com a ajuda do Tonô abri este espaço com desejo de falar de teatro, da minha experiência a escrever, a encenar e a ajudar homens que cumpriam pena privativa de liberdade, a subir a um palco e a viverem a liberdade que o teatro oferece, ainda que durante umas horas por dia. Como já trabalhava nesse projecto há alguns anos, muitos episódios me surgiam a cada momento prontos a saltarem para o papel e se alguns eram agradáveis, outros nem por isso. Nunca escrevi mentiras ou dei largas à imaginação para compor os meus posts. Juntava fotos com a preocupação de não mostrar as pessoas, embora tivesse a sua autorização para o fazer. Nunca mencionei qual o local onde desenvolvia o meu trabalho, nem das pessoas intervenientes nas minhas descrições. Mesmo assim, quem não gostou de se rever nas suas acções (e repito que nada foi inventado por mim) teve tempo e paciência para copiar o blog e fazer valer a sua superioridade, vingando-se. Como é que uma pessoa, ou duas, ou mais, têm coragem de ter certas atitudes e depois não a têm para as assumir? E as outras pessoas que as avaliavam apenas pelo que elas deixavam aparecer, o que iriam pensar se alguma vez viessem a ler aquilo que eu escrevia? Depois de muita raiva, retirei tudo (para meu sossego) e resolvi que aquela actividade não seria mais o tema principal do meu blog Desdramatizar. Recomeço agora, 5 anos depois, para falar de coisas várias, que não o teatro que eu fiz, (talvez nalgum momento do teatro que outros farão), mas de coisas que igualmente me tocam profundamente. Não retirei as mensagens do meu mano mais novo, meu professor e meu amigo tão paciente, já que tudo o que tenho feito neste campo, tem começado assim, com a sua presença e os seus rascunhos.
E aqui vou eu.